segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

[À minha volta livros e livros], de Henry Bugalho


À minha volta livros e livros.

Todo o saber do mundo ao alcance de minha pálida mão,

Mas que farei com tudo isto que não me pertence?

Serei melhor conhecendo o conhecimento conhecido por outros?

 


Não seria melhor se eu me lançasse ao mundo

Buscando minhas próprias respostas

E traçando o conhecimento futuro?

 

Não serei eu mais feliz se, ao invés de receber,

Também eu pudesse um pouco dar?

 

Mas sou fraco,

Preguiçoso,

Vergonhoso.

 

Prefiro mil vezes a tranqüilidade de minha cama,

O conforto dos livros ao alcance dos braços,

A certeza de que a verdade está contida em folhas

E espargidas por entre aqueles caracteres belos e distantes.

 

Não quero buscar respostas, tampouco criar verdades,

Pois mesmo àquelas certezas que recebo de peito aberto

Ponho todas em dúvida com um simples bocejar.

E reclino minha cabeça sonolenta no travesseiro

Sonhando as aventuras que nunca viverei

Mas que também não quero jamais viver.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Desejos e Luxúria - Giselle Sato

- Desejos -

Quero você !
Língua atrevida
Boca, saliva

Infinitas vezes
Dividindo o gozo
Compulsão ...

Paixão, sexo , tesão
Carne, cheiro, vícios

*******

- Luxúria-


Um falo
Toca o âmago da urgência
E me reduz a nada

Vem,
Desliza em meu desejo
Sacia esta fome incontrolável


Moldando a carne que te aconchega
Em ímpetos e arrebates cadenciados







Nota- É meu estilo associar 2 indrisos sobre o mesmo tema. Gosto dos dois juntos. Mas não sei se pode. Nem sei se pode erotismo.



*******



- Duetos de amor- Giselle Sato e Pedro Faria

Eu te amo
Amo, além das mentiras
Historias mal contadas, desculpas ...
Sem culpa. Eu te amo.

Eu te amo.
Amo, além das verdades
Conversas ouvidas, discursos
Sem sorrir. Eu te amo

E quem poderá julgar :certo ou errado?
Alojado em meu peito ele pulsa
Bom ou ruim. Luz e escuridão
Fases, estados d’alma
Lua minguante, quarto crescente

E nada sairá de tudo isso
O amor não é nada para você
E para mim, é nada além de dor
Mentiras ou respostas. Escolha
Mas não venha pedir minha ajuda

Não escolhi te amar, apenas te amo.
Rodas , saudades, agonia
Sonhos e desejos que não findam
Lágrimas e risos emocionados
Silêncio partilhado ...
Em teus braços, abraços fortes
Sinceramente, preferia não te amar.

Acaba onde começa
Você diz que não é sua culpa
E você pede desculpas
Por qualquer mal que tenha me feito
Quem sou eu para recusar?
Pois eu te amo, eu não esqueço
Sinceramente, preferia não te amar




Nota- Este segundo foi um experimento que fizemos.

Palavras cegas de um poeta vencido, de Carlos Barros

Um milhão de palavras em vão, em vão

Cada uma, sem porém ou mas ou exceção.

E não há sol, nem fada e nem preposição

Que vá ligar de novo o nosso elo rompido.

E dentre inúmeras receitas que tenho lido,

Não achei, para o tempo, regressão.

 

 

Lembranças boas sei que são, que são

Da lua, são do mar, do teu portão.

Mas nenhuma se faz mais do que um porão,

Onde estou com o peito ao meio, em pó, puído.

Tendo só o silêncio gritando-me ao ouvido

As dores que te fiz, minha paixão.

 

 

Não mais comer teu pão, teu pão

De leite e amor, farinha e mão,

Que em matrimônio tomaria, são,

Traz o pavor de todo pavor de ver partido

Meu sonho de ser só teu, de ser o único, ser marido.

Tal sonho, agora, habita o reino Inconclusão.

 

 

Feliz, na rua, é o cão, é o cão,

Pois tem os restos da tua refeição,

Que traz teu amor em cada grão,

Que tanto e tanto eu teria, com entrega, comido.

Mas, hoje, com palavras cegas, sou poeta vencido.

Sem achar o verso da reconciliação.

 


Dor eterna é o que me dão, me dão

As carícias, as malícias, os desejos sem vazão.

Sentimentos órfãos, sem achar filiação,

Rogam por retornar ao teu colo quente e despido.

Em angústia, eu espero que tenha te convencido

Do quão justo será o teu perdão.

 

 

E não repita o teu não, teu não

Que destrói tanto ou mais que um vulcão.

Assim, verás que os meus ditos cessarão.

Não os de afeto, nem de volúpia; os mal proferidos.

Como os mais belos dos amantes, então, conhecidos:

Num paraíso, tu minha Eva, eu teu Adão.