segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

"Distância", de Volmar Camargo Junior


 

 

   entre         nós

      um         dois

espaço






7 comentários:

  1. Poeisa concreta de bom gosto. conseguiu colocar em jogo a experiência com a estética visual do concretismo e sua simplicidade complexa;)
    gostei muito
    criatividade, usou bem o sim e não. bom uso da linguagem. entre doi um , enfim, tudo muito bom e muito bem

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  2. Poema concreto é sempre um risco. Pela idéia expressa de forma suscinta, costuma agradar; por não conceber um contexto maior que os versos, costuma deixar a impressão de que está incompleto. É um exercício miscigenado de idéia e prazer.

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  3. poesia concreta é um capítulo à parte dentro da poética... além do jogo sonoro das palavras, ela supõe o recurso visual como um modo associado de expressão do eu-lírico... então, o que temos aqui? uma brincadeira, me parece, um jogo, onde o poeta convida o leitor a passear com os olhos pelas palavras e achar sons e sentidos... "entre nós dois um espaço", "entre nós, um dois, espaço", "entre um, espaço, nós dois"... pensei em "nós" como pronome, mas também como substantivo, os nós que amarram dois, que ocupam um espaço... pensei no "espaço" como tecla de uma digitação ditada... enfim, viajei... e, como penso que é essa a função prínceps da poesia em geral, e da poesia concreta em particular, acho que o texto funcionou muito bem! gostei, guri!

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  4. ah sim... criatividade, dez! metáfora, já falei; uso da linguagem, perfeito, pq em poesia concreta, menos é mais, e simplicidade é multiplicidade... este poema tem tudo isso!

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  5. entre nós

    um dois

    espaço

    olhe que aqui eu fico sem palavras
    sem base
    sem nada
    metáfora: se leio "entre um, dois nós, espaço"
    (corda) e depois leio "entre nós dois um espaço" ou "entre um espaço nós dois"
    e neste ir vir de leituras, fica o que me dá mais de dizer de um poema: gosto, é forte, é terno
    bem escrito...que sei eu...
    original...talvez, sei lá eu se alguém já assim escreveu...
    mas gosto tanto Herr Volm que só isso me basta e por isso lhe digo
    obrigada

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  6. Eu ainda pretendo escrever um artigo sobre isto, quando tiver claro em minha mente como desenvolver esta ideia: a literatura, assim como a música e a dança
    (e ao contrário das artes plásticas, pintura e escultura), se articula em duas dimensões - uma temporal e uma espacial.
    A temporal é o tempo que necessitamos para assimilá-la em sua totalidade. Precisamos de minutos, ou horas, ou dias para lermos um livro, enquanto que a escultura e a pintura está dada num único olhar (podemos até perder um tempo para admirar seus detalhes, mas o primeiro impacto demanda apenas segundos ou frações de segundo.
    Já a dimensão espacial é a materialidade da obra, as páginas do livro, o próprio livro, a disposição dos elementos na página, o design, a maneira como nosso olhar é conduzido, assim como nosso olhar é conduzido pela composição duma foto ou duma pintura. É esta dimensão espacial que nos faz pensarmos que o livro será uma leitura fácil se notarmos que há capítulos curtos e parágrafos breves, ou se será algo moroso, com longos capítulos e parágrafos e sentenças sem fim.
    A poesia concreta é uma das formas que explorou esta natureza espacial, ao invés da temporal. O modo como as palavras estão dispostas na página em branco é tão importante quanto as próprias palavras, às vezes, até mais.
    Neste poema temos esta expressão da espacialidade da poesia concreta. O mote é a distância entre duas pessoas (ou entre as pessoas, de modo geral) e, para isto, o poeta optou por espaçar os elementos do texto. A pausa, o espaço em branco é a própria extensão do intervalo entre os indivíduos.
    O autor conseguiu captar muito bem o espírito do concretismo.

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