segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Desejos e Luxúria - Giselle Sato

- Desejos -

Quero você !
Língua atrevida
Boca, saliva

Infinitas vezes
Dividindo o gozo
Compulsão ...

Paixão, sexo , tesão
Carne, cheiro, vícios

*******

- Luxúria-


Um falo
Toca o âmago da urgência
E me reduz a nada

Vem,
Desliza em meu desejo
Sacia esta fome incontrolável


Moldando a carne que te aconchega
Em ímpetos e arrebates cadenciados







Nota- É meu estilo associar 2 indrisos sobre o mesmo tema. Gosto dos dois juntos. Mas não sei se pode. Nem sei se pode erotismo.



*******



- Duetos de amor- Giselle Sato e Pedro Faria

Eu te amo
Amo, além das mentiras
Historias mal contadas, desculpas ...
Sem culpa. Eu te amo.

Eu te amo.
Amo, além das verdades
Conversas ouvidas, discursos
Sem sorrir. Eu te amo

E quem poderá julgar :certo ou errado?
Alojado em meu peito ele pulsa
Bom ou ruim. Luz e escuridão
Fases, estados d’alma
Lua minguante, quarto crescente

E nada sairá de tudo isso
O amor não é nada para você
E para mim, é nada além de dor
Mentiras ou respostas. Escolha
Mas não venha pedir minha ajuda

Não escolhi te amar, apenas te amo.
Rodas , saudades, agonia
Sonhos e desejos que não findam
Lágrimas e risos emocionados
Silêncio partilhado ...
Em teus braços, abraços fortes
Sinceramente, preferia não te amar.

Acaba onde começa
Você diz que não é sua culpa
E você pede desculpas
Por qualquer mal que tenha me feito
Quem sou eu para recusar?
Pois eu te amo, eu não esqueço
Sinceramente, preferia não te amar




Nota- Este segundo foi um experimento que fizemos.

10 comentários:

  1. Interessante a escolha da forma de indriso - originado do soneto tão difícil de ser composto. Gosto do terceto

    Quero você !
    Língua atrevida
    Boca, saliva

    Deu musicalidade mas que se perdeu em Luxúria que a meu ver foi pra prosa, aqui disposta em forma de poema.
    Falo aqui me parece confundido com o órgão quando molda a carne. Falo molda a linguagem, o significante. A menos que a autora tenha jogado com esse sentido do significante e a linguagem fálica serem objetos de sua luxúria. Falo e linguagem jamais saciam porque o desejo depende da falta. deste modo a tentativa foi válida mas conceitualmente confusa.
    aqui o erótico - em Desejos e Luxúria não é explícito e isso me agrada.
    Com relação aos duetos de amor fica, mais uma vez, a impressão de prosa muito mais do que de poema. Prosa poética , óbviamente que encanta como deve ser. Mas pra mim é prosa e das boas.

    A questão do que pode e não pode parece-me esvaziada porque não poderia? Poesia , seja prosa ou poema, é território livre de expressão.

    gostei das imagens aqui.

    muito bom, muito bem

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  2. Gi, legal você postar dois (ou três?) poemas para avaliação. Mas, lembrando que a atividade é "Poema" e não "Poemas" da semana, para não sobrecarregar ninguém, estabeleci que o poema que "tá valendo" é o primeiro, composto de dois indrisos: "Desejos e Luxúria". O segundo, a quatro mãos-bobas, "Duetos de amor", comenta quem quiser.

    Espero que compreenda.

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  3. Postei os 2 porque não sabia se podia poesia erótica. Desconsidere o segundo. Foi mal Sr V.

    Querida Compulsão: Luxúria apenas descreve o ato sexual sem maiores pretensões.
    É uma poesia no formato de indriso. Compacta. Gostei muito da sua avaliação. Li com atenção.

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  4. Ô, Gi... fica triste, não. Como os poemas estão ali, quem estiver com vontade de analisar dois... pode mandar ver.

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  5. Sobre Desejos e Luxúria

    i) Criatividade: A iniciativa mais criativa da poetisa é a associação de dois indrisos com em um só. Penso eu que um único título cairia melhor que dois, e também, retirar os ***** que dividem os dois poemas. Aí sim, seria um único texto, e não dois.

    ii) Uso adequado da linguagem: Não há piolhos, e, pelo que se nota, a poetisa tem progressivamente tirado os sinais de pontuação. Está bem adequado.


    iii) Metáfora: Não há, em nenhum dos dois. Sobre o segundo indriso (Luxúria), o primeiro verso do primeiro terceto (“Um falo”) desestruturou o que ao longo do poema poderia ter sido uma metáfora bem construída. Como, logo no início, define-se de que se está falando (do falo), a metáfora e, portanto, a poesia, escorreram. Quanto ao primeiro indriso (“Desejos”), não há o que comentar sobre metáfora: é um texto bastante direto, dividido em linhas interrompidas, organizado como um indriso (3-3-1-1).

    iv) Demais comentários: O indriso é uma oportunidade de dar ao poetrix (um terceto de no máximo trinta sílabas poéticas) um tempo maior de expressão (são dois poetrix e duas estrofes de verso único, que os explicam).

    Entendi que “Desejos” fala do sexo sublimado, desejado, ainda não concretizado; e que “Luxúria” (na minha opinião, um poema bem melhor que o primeiro) fala da relação sexual, no momento em que acontece. Se “Desejos” fosse transformado em um poetrix (condensá-lo em apenas três versos) e “Luxúria” em outro poetrix, e os versos solitários que os “fechassem”, mesmo que deixassem em aberto o que é dito, teríamos um indriso (único, não dobrado) sem deixar de abordar o que abordaste.

    Gi, baseado no que escreveste, tomei a liberdade de escrever um outro indriso, para demonstar como é possível condensar os versos e conseguir um bom resultado. Espero que não fique brava comigo (eu estou viciando nos indrisos...)

    Ei-lo:



    Quero-te a saliva e tua língua
    Quero-te a paixão e o vício
    Por vezes e vezes repetidas

    Toca-me o âmago da urgência
    Vem e desliza em meu desejo
    Vem que minha fome tu sacias

    Molda em minha carne o aconchego

    Por vezes e vezes infinitas

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  6. Volmar...excelente. Adorei. Sou completamente viciada em Indrisos mas este que vc criou ficou tudo. Realmente o eu quis homenagear o ''falo'' ...kkk
    Tão importante e quase nunca mencionado.

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  7. i)Criatividade - Combinar dois indrisos num só foi muito bom. Eu gosto de misturar as formas de um indriso (gosto do 3-1-3-1 e do 3-1-1-3). Em relação a temática do texto, é o tema erótico.

    ii)Uso da linguagem - Apropriado. Nem tenho muito o que dizer nesse aspecto.

    iii)Metáfora - Realmante não há. É um texto direto, vai ao ponto bem rápido. O sentimento que ele passa é mais importante que qualquer metáfora que poderia ter sido usada.

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  8. i) Criatividade:
    A criatividade não está tanto na linguagem, ou no tema, mas sim no modo como os dois poemas se relacionam e se encadeiam, quase como as preliminares e o ato de fato.

    ii) Uso adequado da linguagem:
    A autora optou por versos brancos, mas poderia ter se detido em procurar algumas palavras menos usuais (ou melhor, mais poéticas).
    Palavras como "paixão, compulsão, gozo, desejo, etc." deixou o poema muito no lugar-comum do gênero escolhido.

    iii) Metáfora:
    Os dois poemas são extremamente literais, praticamente prosa em versos. Não houve nenhuma tentativa de mascarar o sentido, ou de criar ambiguidade. O texto é transparente no que quer dizer.

    iv) Demais comentários:
    O indriso é uma forma muito interessante e louvo os experimentos da Giselle. No entanto, senti falta de poeticidade nos dois indrisos; principalmente por se tratar de poemas eróticos, ela poderia ter explorado mais a sutileza e desafiado o leitor.

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  9. Criatividade:

    (Desejo) achei um texto direto, forte. Gostei, particularmente, da primeira estrofe e do último verso. Em especial da palavra “carne”, muito bem escolhida. Se tivessem mais palavras nessa mesma linha, valorizaria ainda mais a poesia.
    (Luxúria) novamente a palavra carne de destaca, com grande valor para o poema. Contudo, há que se pensar: se são dois poemas distintos, tudo bem repetir a palavra. Agora, se os poemas formam de fato um único conjunto e serão apresentados sempre juntos, creio que seja melhor evitar a repetição.

    Linguagem:
    Parece que não há preocupação com pontuação ao final dos versos. Ok, se foi opção da autora e mantêm-se a idéia em todo o poema, tudo bem. Há uns singelos problemas de revisão de falta ou sobra de espaço entre caracteres.

    Metáfora: parece que a metáfora é mais forte na segunda parte (Luxúria), onde usa-se palavras como “urgência”, “desejo”, “fome”, “carne” para expressar algo não exatamente sendo o que dizem literalmente. Já na primeira parte (Desejos), creio que as metáforas poderiam ter sido melhor exploradas, a não ser que seja mesmo intenção de que soe de forma direta.

    Comentários adicionais:
    Parece que já temos uma boa poesia para o Especial Erótico... Que bom! Giselle, parece que você se identificou mesmo com os indrisos, hein?!
    Olha, como não há um desejo claro de explorar rimas, acredito que você poderia brincar mais com as palavras, optando por algumas mais inusitadas e que tragam não exatamente rimas, mas cadência sonora ao poema. A mensagem e o lirismo estão ótimos, mas um ponto que você ainda pode trabalhar é na estrutura. Abração!

    Sobre a parceria Giselle/Pedro:
    Nossa! Gostei bastante deste! Daria uma maravilhosa letra de música (se é que não é...). Não sei como se deu a parceria, mas o resultado foi muito bom. Parabéns aos dois!

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  10. Obrigadão Carlinhos. Valeu as dicas. Eu repeti ''carne'' pq a idéia do primeiro era o prazer carnal e do segundo o orgão sexual mesmo. E deslizar no desejo é o instante da penetração.

    As palavras soltas paixão,compulsão...etc foram usadas para dar idéia do movimento.Eu imaginei assim...Obrigadão gente. Valeu

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