São sonhos límpidos...que esfacelam-se em dureza brutal
O renome desconhecido, aquele homem-monstro, tão mau
E dúvidas impróprias, caminhar sombrio, celeiro de porcos
Mas será que, no fim, não estamos todos mortos?
In Memoriam dos tristes sonhos, tristes dias, tristes hábitos
In Memoriam dos meus dias, minha dor e meus próprios atos
Constante afirmação do gênero decadente:
Assinar com sangue o livro dos dias e expansão da mente
Pouco a pouco os elementos queimam
O que restam são cinzas de lástimas sangrentas
O que quer que seja, o que quer que queiram
Não destruam com vis agruras lamurientas
Aos braços de quem me lanço - Adeus!
Aquele o qual me entrego - Morpheus!
Aos poucos dilatantes caem - Meu deus!
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Que mudou em mim
Bom, antes do poema em si gostaria de dizer que vou tentar postar essa semana, também, o que tenho experimentado recentemente (Algo mais sintético e concreto - diferentíssimo de um passado próximo, como verão).
Não.
(menti)
Sabendo que, no fundo,
tem um pouco de Amèlie.
Não.
(menti)
Sabendo que, no fundo,
tem um pouco de Amèlie.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Funeral marítmo
grito
um gosto salgado
nauseante
chega-me aos cantos da boca
alguém à bordo morreu
por um vento inconcebível
vago à deriva
jogado pelas correntes
possivelmente louco,
temeroso, mas ciente do meu destino
renego os nomes que carrego
e na ciência da vontade que me habita
agarro-me ao silêncio
o pouco dele que ainda me resta
o meu silêncio não é só
à hora de dizer, nada
a boca salgada e a voz calam
o coração das coisas não ditas
pulsa ainda, vivo, feliz
porque o realizado
tem o infortúnio de existir
somente se está morto
ao meu silêncio fazem companhia
as ditosas frases esperançosas
e mesmo as esperanças
felizes, livres de vir ao mundo
pois não há quem as julgue
ou rejeite
mais delas estariam vivas
se ninguém as proferisse
ou quisesse pôr fim às dores alheias
mas alguém à bordo morreu
não lhes acendo velas
nem lhes guardo a cabeceira
do leito derradeiro
não as limpo
nem as visto com uma mortalha digna
- mereciam, mas não o faço -
pobres defuntas
desperdiçadas
consola-me apenas
lançá-las ao mar
deixar que essa imensidão decida
que rumo tomarão
submergirão, esquecidas
ou consumidas pelas coisas inomináveis
que fazem com que tudo aquilo que cai no mar
torne-se, vivo ou morto,
também o mar
consola-me o mar
meu silêncio não está só
sei, pois carrega as pobres mortas
e o vento, outra vez, leva-me adiante
um gosto salgado
nauseante
chega-me aos cantos da boca
alguém à bordo morreu
por um vento inconcebível
vago à deriva
jogado pelas correntes
possivelmente louco,
temeroso, mas ciente do meu destino
renego os nomes que carrego
e na ciência da vontade que me habita
agarro-me ao silêncio
o pouco dele que ainda me resta
o meu silêncio não é só
à hora de dizer, nada
a boca salgada e a voz calam
o coração das coisas não ditas
pulsa ainda, vivo, feliz
porque o realizado
tem o infortúnio de existir
somente se está morto
ao meu silêncio fazem companhia
as ditosas frases esperançosas
e mesmo as esperanças
felizes, livres de vir ao mundo
pois não há quem as julgue
ou rejeite
mais delas estariam vivas
se ninguém as proferisse
ou quisesse pôr fim às dores alheias
mas alguém à bordo morreu
não lhes acendo velas
nem lhes guardo a cabeceira
do leito derradeiro
não as limpo
nem as visto com uma mortalha digna
- mereciam, mas não o faço -
pobres defuntas
desperdiçadas
consola-me apenas
lançá-las ao mar
deixar que essa imensidão decida
que rumo tomarão
submergirão, esquecidas
ou consumidas pelas coisas inomináveis
que fazem com que tudo aquilo que cai no mar
torne-se, vivo ou morto,
também o mar
consola-me o mar
meu silêncio não está só
sei, pois carrega as pobres mortas
e o vento, outra vez, leva-me adiante
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segunda-feira, 22 de junho de 2009
Declamação do quase amor
Um dia éramos sós
A sonhar com aquele rio
Atravessávamos oceanos
Em mente, somente...
Sonhávamos com o turquesa.
O tom de nossa pureza,
Fazia-nos esplêndidos sobre
O Danúbio azul.
Éramos sós,
Adventícios, amantes
E desconhecidos.
Declamando os males
Que a paixão trouxera,
Invocando o amor
Ou algo mais puro,
Ingênuo e intenso
Quiçá Fiel
Mas verdadeiro.
Declamo o quase amor
Para assim criarmos asas
Juntos, dois cisnes
Brancos como o véu.
A grinalda: o juízo.
Equilibrando-nos
Ao nadarmos,
E Amarmos-nos
No Danúbio azul.
A sonhar com aquele rio
Atravessávamos oceanos
Em mente, somente...
Sonhávamos com o turquesa.
O tom de nossa pureza,
Fazia-nos esplêndidos sobre
O Danúbio azul.
Éramos sós,
Adventícios, amantes
E desconhecidos.
Declamando os males
Que a paixão trouxera,
Invocando o amor
Ou algo mais puro,
Ingênuo e intenso
Quiçá Fiel
Mas verdadeiro.
Declamo o quase amor
Para assim criarmos asas
Juntos, dois cisnes
Brancos como o véu.
A grinalda: o juízo.
Equilibrando-nos
Ao nadarmos,
E Amarmos-nos
No Danúbio azul.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Estréia
A minha estréia aqui no Estúdio coincidiu com a semana do Dia dos Namorados e do Santo Casamenteiro, padroeiro de minha cidade. Decidi, por isso, trazer 3 poemas de amor – cada um escrito em uma época da minha vida, o que evidenciará não só abordagens distintas do tema, como também a trajetória da minha poesia.
Evidências do amor
Ela perguntou se ele a amava.
Ele disse que sim e ela, que não acreditava,
mesmo reconhecendo
que aquela era, de fato, a verdade.
Mas não faria qualquer diferença
se verdade aquele fato não fosse...
Se não a amava,
ao menos fingia com total perfeição.
E que diferença há entre uma paixão de verdade
e uma que se finge até com o coração?
Sim, porque o coração dele gostava dela
- somente com ela acelerava daquele jeito.
Sabia fingir realmente o danado!
E ela sabia que não se há como ser perfeito
quando se mente que se está apaixonado.
E o abraçava na certeza de que era amada
- porque se pode dissimular com palavras,
mas contra as evidências do amor não há nada.
Escrito e engavetado há mais de 15 anos. Jamais divulgado.
Fim da festa
Há uma solidão tão minha
que até de mim se disfarça
quando estou sozinha.
E não passa
onde quer que eu esteja,
porque sempre me segue
sem que eu sequer a veja.
Ela está aqui,
escondida,
mas quase despercebida
num beijo de amor.
É quando quase alcanço o céu...
... e de lá me assombro!
Quanto mais fantasio,
maior o vazio,
pior o tombo;
pois não há amor
sem alguma expectativa,
nem há expectativa
sem alguma dor.
Ilusão...
Desilusão...
É sempre o que resta.
A solidão é o fim da festa.
Quando muito,
há paetês no chão.
Ao menos sei
que é assim
e guardo pra mim
essa lucidez nas mãos.
Escrito em 2004. Foi um dos quinze poemas selecionados no IV Prêmio Literário Livraria Asabeça - Poesias, Contos e Crônicas, realizado em 2005, pela Scortecci Editora. Integra a respectiva antologia e o site http://poemadia.blogspot.com.
Minudências
Os dias se sucedem
sem que os lábios sequem...
Você me bebe
e eu lhe bebo
no desassossego
dos pequenos goles.
Em lentidão,
você me percebe
e me descobre,
eu lhe percebo
e lhe descubro
na vastidão
de cada detalhe.
Sei que busca
da minha alma
o talhe;
sabe que busco
da sua,
o matiz.
Você me beija
e eu lhe beijo
dando a diretriz.
E criamos elos
entre o que há de gestos
e o que se diz.
As verdades vêm
em medidas.
Não vive o amor
das minudências sentidas?
Escrito em 2007. Obteve, em 2008, o 3º lugar geral na 2ª edição do Concurso Internacionalizando o Jovem Escritor.
terça-feira, 2 de junho de 2009
blues
na imensidão escura da noite
escondo meus sonhos transformados
fica, assim, todo o céu pontilhado
de constelações de palavras ditas
que a mão do tempo torna escritas
por desejo ou mágica caem os versos
sobre a superfície desse mar que invento
e os reflexos do poema sobre as águas
tingem com tons de azul os sentimentos
escondo meus sonhos transformados
fica, assim, todo o céu pontilhado
de constelações de palavras ditas
que a mão do tempo torna escritas
por desejo ou mágica caem os versos
sobre a superfície desse mar que invento
e os reflexos do poema sobre as águas
tingem com tons de azul os sentimentos
indriso
ainda agora ontem era a hora
e, por mais que tanto houvesse,
nada via do que acontecia
só depois de ir-se embora
é que, no vazio da realidade,
brotou um pé de saudade
entre espinhos de melancolia
nasceu uma flor de amizade
e, por mais que tanto houvesse,
nada via do que acontecia
só depois de ir-se embora
é que, no vazio da realidade,
brotou um pé de saudade
entre espinhos de melancolia
nasceu uma flor de amizade
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