na criação do Universo
de inconcebível perfeição
alguém esqueceu de cobrir um buraco
nesse mesmo buraco inocente
caíram – ou foram jogadas –
todas as coisas que não deram certo
de tanto derrubarem lá
o que não funciona direito
acabou ficando cheio
se um dia a misericórdia
permitir que alguém o encontre
e, pior, se puder consertá-lo
será o fim da ciência
do amor, da poesia
e de todos os nossos medos
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ResponderExcluirGostei do contexto 'as dúvidas e incertezas - molas motoras do universo', ou ao menos do universo inteligível...
ResponderExcluirAos meus olhos só não pareceu muito 'poético', mas afinal, o que é poesia?
Ignorando a minha retórica, achei o texto inteligente e interessante, só não me tocou como espero das poesias.
abraços
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ResponderExcluirCorrigindo
ResponderExcluirBacana. Concisa e boa na medida em que diz sser a criação fruto dos limites, da busca pelo sublime. Suficientemente imperfeita. quase perfeita pra não fugir do humano .
Mais uma poesia que fala da existência e do universo. Gostei pq ando cansada das mesmices e Mr V sempre vem com inovações.
ResponderExcluirO buraco do mundo onde todas os dejetos são lançados é temido e ao mesmo tempo necessário.Há muitas possibilidades. Típica poesia que cada leitura descubro outro enfoque.
ah, também gosto mto deste!
ResponderExcluira idéia de que a imperfeição - a falta, o oco, o que causa o desejo - é que move o mundo e a vida é profundamente psicanalítica... combina muito com meu modo de compreender o ser humano e o nosso entorno... a metáfora de um "buraco onde se joga tudo o que não deu certo", poderia bem usar numa aula sobre o inconsciente freudiano... muito bom mesmo, guri!
Gostei muito!
ResponderExcluirTudo já foi dito.
:)