quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sedução


 

 

 

em ti escorro, me derramo e aquieto

murmuras algo feito quente e macio

dá-me teu núcleo noturno e delicado

 

como os tolos que seduzes

e a cada hora, maldita, bendita,

ora me abandonas e novamente amanhã

 

se vais, respiro o que restar de teu hálito

 

espalho em mim um fio de teu suor




5 comentários:

  1. Forte, intenso, claro, conciso...
    Eu diria até mesmo 'palpável de tão vívido'
    E o 'ponto alto' culmina o final: 'se vais, respiro o que restar de teu hálito - espalho em mim um fio de teu suor'.
    Danem-se as justificativas: adorei!

    ResponderExcluir
  2. Gostei das rimas internas e nada óbvias. A sedução é assim tb: dá e tira, nunca óbvia, explícita

    ResponderExcluir
  3. Um indriso com a medida exata. Grata revelação de Mr V.

    As ultimas frases fecharam a poesia com chave de ouro. Realmente Indriso respira e toma forma de uma maneira inebriante. Eu sou suspeita pra falar...

    ResponderExcluir
  4. tbm fiquei fã deste formato, indriso... aqui, um texto de fato sedutor... o que seduz é o não dito por inteiro, o sugerido, o meio-mostrado... este poema faz isso: sugere, diz sem dizer, atiça a imaginação... muito bom... as rimas internas são sempre difíceis de construir, e mostram um trabalho sobre o texto... o penúltimo verso me encasquetou na primeira leitura (se vais... ) tive que reler pra perceber que "se" era "caso", e não um equívoco de "te vais"...

    ResponderExcluir