Feita alta maré,
Sou bem mais que dama...
Te incendeio a cama,
Te lambuzo as pernas.
Tudo em mim se enerva,
Ao sugar-lhe a rama
Que, em riste, inflama
Meu licor-mulher.
Beba-o com fé,
Dentro, em mim, descamba.
E com a língua em samba,
Faz gemer tua Eva.
Meu quadril, eleva;
Abra-o em duas bandas.
Morda forte em ambas.
Cante minha ré.
Beije-me os pés,
Os meus dedos lamba,
Vem, me deixe bamba.
E me faça ébria;
De teus lábios, serva;
De teu membro, ama.
Em meus seios, mama:
Minha cria és!
carl,lendo este poema, pensei em dois aspectos: primeiro, mercadológico - textos eróticos fazem sucesso... se vc posta-lo no recanto das letras com o epíteto "erótico", vai ver que seu perfil será super visitado... nesse sentido, é bom; segundo, pessoal - eu náo gosto de poemas explícitamente eróticos... prefiro qdo o erotismo é mais sutil, mais sugerido... claro, há nisso uma questão de gosto, mas enfim, náo posso falar por outra boca que náo a minha...
ResponderExcluira primeira estrofe, um pouco mais metafórica, é interessante... as duas últimas deixam a metáfora de lado... fico pensando, e essa é uma questão tipo sexo-dos-anjos: poesia tem que ter metáfora? não sei,talvez nem sempre... mas acho que o texto poético precisa ter ao menos um duplo sentido, uma hesitação de interpretação... aqui, não há... guardadas as devidas proporções, compare uma cena de sexo explícito a algo como uma escultura, sei lá, "o abandono", ou "a valsa" da camille claudel... acho que é por ai que penso num texto... um texto erótico pode ser poético se o erotismo estiver nas beiras... se estiver muito às claras, vira sexo explícito e, pra mim, perde a graça...
Marcia querida vou discordar na postagem do Recanto como erótico. De carteirinha afirmo que se não for bom o texto erótico não decola. Podem ler as primeiras postagens mas não voltam. A poesia erótica do Carlinhos está bonita porque não caiu no vulgar.
ResponderExcluirExistem sites eróticos como a Casa dos Contos eróticos que são descrições detalhadas e sem qualquer compromisso com a gramática.
Existem outros Blogs eróticos de poesia que são maravilhosos e explícitos.
Leio o ''Escrevendo na Pele'' e fico arrepiada com a forma como eles descrevem minuciosamente em altíssimo nível.
Bom...Vamos ao texto do Carlinhos. Eu gostei das imagens poéticas entremeadas ao erotismo. É um recurso que atenua e embeleza.
Achei que está no tom adequado e faz referências as fantasias e taras que povoam o imaginário da moçada.
Sou fã dos dois estilos tanto o mai sutil quanto o mais apimentado. Principalmente achei fantástica sua ousadia.
Livre e arrojada.
Ps: Marcia nao fica zangada não... leio erótico todo dia para o Pornobar...
Ps2: meu teclado esta apagado..desculpem qa falta de pontuaçao.
ResponderExcluirBela poesia! Muito bem escrita. Os versos estão bem organizados nas estrofes regulares. Ótimo o ritmo que resulta dessa organização. Muito interessante essa voz feminina, os verbos no imperativo. A mulher domina o jogo de sensualidade, é uma mulher poderosa, livre, sem receios. Isso é muito bom! Faz repensar a situação da mulher nos nossos dias. Mais que um quadro erótico, sua poesia revela a força da mulher, o que já é indicado pelo título. Na mulher é que são gerados filhos. O homem sai do corpo de uma mulher, e para ele sempre volta. Há algumas teorias psicanalíticas sobre isso, mas sei pouco... rsrs. Adorei você ter mostrado isso, essa relação de dependência entre o eu lírico, a voz feminina, e esse homem, que suga seus seios, o que remete à maternidade, e faz essa voz feminina se sentir, pode-se afrmar,uma deusa, que tem poder sobre o homem amado.
ResponderExcluirSou suspeita pra falar...
ResponderExcluirAdoro o erotismo poético ou não.
(e escrevo muito neste aspécto)
Adoro a forma como o poema erótico se faz notar, se faz sentir - é um dos temas mais vívidos!
E acho que existem propostas e propostas, as vezes é bom ser sútil, em outras é preciso ser palpável, sem meias-palavras, cru - e até mesmo cruel.
E neste caso, o eu lírico feminino é maravilhoso! (e isto escrito por um homem, merece aplausos).
"Ela"(personagem) se faz "bem mais que dama"
Se faz transparente, em desejos e palavras.
Se faz visceral e maternal, se faz dona, amante, se faz.... mulher.
Adorei!!!
Bem, bem.
ResponderExcluirEu sou suspeito para falar de qualquer texto declaradamente erótico. Não, eu não sou hipócrita: gosto de sexo, de falar sobre e de fazer. Tenho algum apreço pelo erotismo abordado em outras artes (quer coisa mais sensual que o "Bolero" de Ravell? ou "Êxtase de Santa Teresa", escultura de Gianlorenzo Bernini? Na literatura, como quase tudo na literatura - e ainda mais na poesia - eu não consigo gostar muito da gratuidade: a coisa, só pela coisa. Nesse caso, o erotismo pelo erotismo.
No caso desse poema, há mais que erotismo: a sexo. E então? Sempre que há sexo em poesia, acho que você não tem muitas opções: ou sublima, ou vai direto ao ponto (G!). "Sublimado", acho muito próximo do que não gosto em literatura (e aqui sim, sem hipocrisia alguma): o sentimentalismo. Do outro lado - mas não na outra extremidade, de que já já falo - há a abordagem explícita. Em alguns casos, que é como foi lembrado pela Gi, acima, a coisa fica irritantemente descritiva, quase uma aula de anatomia.
Uma coisa nesse poema agradou-me muito - e isso nem sempre é obtido a contento pelos poetas: o ritmo. É suave, sem grandes marcações, um pouco oscilante, distribuído não rigorosamente pelo poema através de versos curtos, de uma só sílaba tônica. A mim, lendo, evoca o ato sexual. Por isso só, já vale a leitura
Mas o crítico português Carlos Reis, em seu "O conhecimento da literatura", diz que há dois principais elementos motivadotes em poesia, ou seja, capazes de fazer brotar no leitor o prazer estético: o primeiro, e mais imediato, é o ritmo; o segundo, consequente, a metáfora.
Não que isso seja uma necessidade, como sempre defende a Marcia; mas a questão de o ato sexual, suas etapas e suas "partes constituíntes e fluidos inerentes" referirem-se única e exclusivamente a... um ato sexual. Não acho que seja o caso deste poema: há sim, uma preocupação de abordar, se não metaforicamente, ao menos, associar ao sexo, outras imagens e conceitos.
Enfim, o que me desagradou - desculpe falar assim - foi algumas comparações ou associações serem ora lugares comuns ("Te incendeio a cama"), ora um pouquinho de mau-gosto ("Ao sugar-lhe a rama / Que, em riste, inflama"). A questão, assim, é: a escolha vocabular.
O mesmo teórico que citei, diz que é esporádico o "simbolismo" que evocam as palavras e sua combinação em um poema, já que isso vai depender da leitura do leitor.
Por isso, só posso falar de mim. Considero que poema é sonoro - musical, ritmado... -, denota o trabalho e a intenção de expressar mais um pensamento e uma idéia (o sexo livre de purismos e puritanismos, sem - muita - vulgaridade), a originalidade (um eu-poético que se evidencia do sexo feminino, sabendo-se o poeta ser homem). Mas algumas escolhas do poeta, como já mencionei, me incomodaram um pouco, sim.
E, em tempo, não entendi bem o que quis dizer o verso inicial "Feita alta maré", já que a imagem não é abordada novamente, e os versos posteriores não a retomam, nem explicam. Parece-me que todo o poema tomou uma 'direção' diferente, destoando desse primeiro verso.
Demorei, Carlos, orque na primeira leitura não sabia o que dizer. Confesso que esperei os comentários.
ResponderExcluirEste "Minha Cria" , como disse, na primeira leitura causou um estranhamento. Agora, lendo e relendo o poema e os comentários cheguei ao ponto que me parece o mais sincero de minha parte. Este poema é uma brincadeira. E sexo é pra ser brincadeira. Qdo pode ser.
Se eu gosto de peosia erótica? Se for bem humorada, divertida, sim.
Por exemplo - Pornopoppocket, de Paula Taitelbaum.´Ali encontrei coisas muito boas. Brutais! Ao ponto de eu me perguntar se eu teria coragem de escrever aquilo. Ali tem ginga e uma cara de pau, uma liberdade enorme.
O seu "Minha Cria" eu levei assim. Reconheço que se eu estiver próxima do que o poema diz, ele ficou engraçadíssimo.
Desculpe se a intenção não era a graça. Mas, eu me diverti com ele todo qdo me permiti fazera leitura a partir do humor.
Bem, vamos lá.
ResponderExcluirConfesso que à primeira leitura não agradou muito - foi lá na Samizdat.
Hoje fiz uma leitura mais apurada e vi que o problema não era o poema do Carlos, ao menos não totalmente, mas meu mesmo.
O poema é um tanto hermético, e não porque haja aí uma metáfora abstrusa, mas devido à escolha de palavras e construções. Depois de alguma leitura é que se consegue apreender-lhe melhor a ideia.
"Ao sugar-lhe a rama
Que, em riste, inflama
Meu licor-mulher."
Esses versos requereram concentração maior para entendê-los. Coisa minha, não gosto muito de poesia que convoca a um passeio pelo dicionário, especialmente porque quebra a fluência e sutileza do fenômeno poético. Gosto de uma leitura direta, o que não significa ser objetiva. Digo "direta" no sentido de ler uma vez e ao fim chegarmos a uma conclusão, ou, o que é mais gostoso, nenhuma, tal convite às especulações e reflexões.
O poema do Carlos não tem esse fim. É para ser cantado, uma ode; liberar sentimentos, como no ato sexual, que se narra aqui bem simples, sem rodeios, embora evidente. É um talento isso: trabalhar o comum, sem rebuscamento efetivo, palavras finas, mas apenas na combinação correta dos termos apropriados para cada imagem.
Ao final, fica aquela coisa: é explícito ou não? Sinceramente não quero arriscar, mas se o devesse fazer diria que em essência, sim, é-o. Porém, o bacana é a capacidade de não o ser. Afinal "o poema é uma maçã" e já sabemos os usos que os homens podem fazer das maçãs...
"já sabemos os usos que os homens podem fazer das maçãs..."
ResponderExcluirBranca-de-Neve que o diga...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirdesculpe, mas o comentário estava cheio de gafes e apaguei
ResponderExcluirsegue outro corrigido, espero
se me lembro, este poemeto (!!) nasceu na hospicina, ou me engano?! eu sei que o li e sei que senti algo parecido ao que senti agora. Nem sei o que terei escrito então( há por aqui quem espiolhe a encontrar um meu comentário de faz um tempo?! se houver, não sendo necessário, eu agradeço (rs))
é que eu senti que o contacto com a leitura me foi renovado, quero eu dizer que não é original este sentir assim: não gostar e ao memso tempo olhá-lo como um grande gozo. E o poema para mim é isso: uma ironia de fio a pavio. Uma poesia erótica a parodiar essa poesia com um tom de falsa sinceridade e onde os lugares comuns são finas maravilhas ilustrando esse irónico.
Falada por mulher, ela toma o sentido perverso e rude ainda mais saliente e em contraponto aumenta-lhe o charme de um brincar com o macho
Uma poesia densa, forte cheia de ritmo
e de gargalhada
É verdade...viu como a Hospi produz coisas boas? Que bom rever Fátima..bjs
ResponderExcluirNossa, todo este tempo depois, passeando por aqui, olhei a foto com outros olhos.... e ela se mostrou bastante contraditória ao que a 'moça' do poema prega...
ResponderExcluirEnquanto o eu lírico promete mundos e fundos, diz-se dona da situação, a mocinha da foto se curva e aguarda... passivamente...
Apesar desta contradição, vale lembrar que faz parte do 'ser mulher' muitas vezes 'deixar-se domar' e assim controlar ainda mais a situação.
Não é uma visão machista, muito pelo contrário!
É uma estratégia inteligente - mente - feminina... (se me permitem a brincadeira)
Agora só queria saber do Carlos se escolha da foto em questão foi feita com este propósito, ou se sou eu que estou 'viajando' (pra variar, né?) Beijus
Jú, escolhi a foto por tê-la visto como uma mulher sem medo de se expor. E também para mostrar esta mesma contradição que você citou. Em certo ponto, ser dominado faz parte da dominação.
ResponderExcluirAbraço!!