quinta-feira, 12 de março de 2009

Poemação

O poema é uma maçã
que despenca da árvore,
ao sopro do vento, e
chega, seu único propósito,
ao chão.

Nature-morte aux pommes et aux oranges - Paul Cézanne


6 comentários:

  1. Muito boa idéia comparar o poema às maçãs de Cézanne. Para Merleau Ponty, no texto a Dúvida de Cézanne, ele diz do pintor: " O artista é aquele que fixa e torna acessivel aos mais "humanos" dos homens o espetaculo de que participam sem perceber".
    Ao ler seu poema fiquei na dúvida se

    O poema é uma maçã
    Despenca da árvore,
    Ao sopro do vento, e
    chega ao chão.
    Seu único propósito

    Sugestão no embalo da proposta que fiz no fórum. Não se aborreça comigo porque como vc colocou E chega, seu único propósito, ao chão, deu uma impressão esquisita de que as proposições estavam fora de lugar. Chegar a algum lugar, propósito e ao chão.

    Impressionante sua relação com a pintura. Eu já estive em seu blog e havia visto e só agora relembro. Parabéns!

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  2. Cont...

    Acho que a frase de Ponty sobre o pintor serve pra nossa discussão sobre o que é poema, poesia. Fixar o momento que passa batido para a maioria e para nós mesmos na maior parte do tempo.

    E a idéia de que o poema é efêmero. Seu propósito é afetar e pronto. Feito a maçã 9 ahã..aprendi rs) segue seu destino.

    muito bom mesmo

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  3. este devia ser lido antes do anterior... pq aqui o poema ainda é do poeta, ou melhor, o poema vê-se no momento de sua libertação - o instante de libertar-se (da mente do poeta), lançar-se ao vento (como as palavras, ao mundo) e cair no chão (do papel), que é seu único destino... se este for lido antes, o poemaçãoII responde, dando subjetividade/ação/vida, a esta maçã-poema que despencou segundo a lei da poetividade....

    menino, parabéns!

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  4. Adorei a metáfora. Um poema "Galileico", rs...

    Fez-me pensar na poesia como algo plena, constante, independente do ser humano. Ela está sempre lá. Basta que alguém a colha da árvore e a traga ao chão, aos meros mortais.

    A chave do poema, a meu ver, está em "seu único propósito". É este verso que mostra o objetivo do que é escrito. A poesia, apesar de plena e constante, só adquire significado quando vem ao chão, quando chega ao ser humano. Eis a missão do poeta: colher as poesias da grande árvore!

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  5. O verso é simples e interessante...
    Mas seria o chão o seu único propósito?
    Dava para ir mais além...
    Mas cada obra é arte (Essa é sua ... !).
    Seu sentimento limitou o poema.
    Algo te fez colocar o chão como o fim.
    Então é e não temos o que discutir.
    :*

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  6. Terceira lei de Newton: A toda ação há sempre oposta uma reação igual, ou, as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas a partes opostas.

    Não por acaso, esse poema tem, por título, um poema: poema + maçã + ação. Ao longo do poema, entendemos esse jogo.

    É dito que Isaac Newton elaborou sua Teoria da Gravitação Universal por conta do episódio em que, estando debaixo de uma macieira, uma fruta teria caído em sua cabeça. E eis a pergunta que mudou a Física: "por que a maçã cai, e não fica flutuando?". Não fosse por essa maçã, mesmo que "mitológica", Einstein nunca teria formulado suas teorias sobre a relatividade geral - e quem sabe quando teria alguém chegado à conclusão de que existe a força da gravidade.

    Um poema serve para ser lido - é este o seu "chegar ao chão", seu único propósito. Mas, toda ação tem uma reação em sentido contrário com igual intensidade, já dizia meu livro de Física do primeiro ano do ensino médio. Então, pelo fato de "cair" aqui no meu "chão", esse poema-texto desperta o meu poema-pensamento, e eu, leitor, formulo quantos poemas puder para elucidar por que é que os poemas caem das árvores.

    Longe de ser (só) um poema metalinguístico, ou de versar (só) sobre maçãs, este "Poemação" é uma pérola filosófica.

    Para estudar na faculdade.

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