domingo, 29 de março de 2009
Mundos Paralelos- Giselle Sato
Ao longo da linha do meridiano, somam-se vagas. Percorrendo oceanos, arrebatando sentimentos. Fluindo em correntezas paralelas, tomando direções opostas.
Consumindo as horas mortas na distancia e solidão. Luz e escuridão permeiam horizontes sem fim. Agonia! Bálsamo profano ardendo em luxúria. Ventos e abismos brotam em crescente...Fúria!
A eternidade é conjurada no leito sagrado. Rotas completam-se e perdem-se. Em goles ávidos tomam o fel dos vícios.
Icontroláveis Desejos Inconfessáveis
Inpulso Desvios Indecentes
Infinitas Dores Imorais
Queimam no fogo proibido. Amor que os tange em círculos...
A única certeza: Todas as linhas de meridianos entrecruzam-se nos pólos.
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engraçado como a formatação faz diferença num texto poético... eu havia lido a primeira postagem e fiquei com uma impressão... como não tinha feito o comentário, voltei agora e vi a segunda postagem... e o texto me pareceu outro! muito melhor,mais amarrado, mais poético...
ResponderExcluircomo não poderia deixar de ser, aqui vão alguns piolhos: "Fúria!" poderia vir com minúscula, ou então ir para a linha de baixo, como uma palavra-verso separada; "Rotas completam-se e perdem-se." esta ênclise me soou estranha... acho que ficaria gramaticalmente melhor, e não perderia a sonoridade poética, se vc usasse próclise: Rotas se completam e se perdem.; idem para "Todas as linhas de meridianos entrecruzam-se nos pólos."... pq não na linha de baixo, como verso separado? pq não Todas as linhas de meridianos se entrecruzam nos pólos.
os versos construídos por palavras únicas em diferentes cores, como uma parede de tijolos vasados, ficaram mto bons! deram ao poema um ritmo ágil - fúria? - que vai num crescendo, metaforizando o clímax do texto... Eis aqui um texto erótico, que não me soou vulgar apesar de quase explícito... parabéns, gi... conseguir isso é um talento!
Melhorou muito o já bom.
ResponderExcluiressa fúria - dores de amores perdidos - está muito bem ancorada nos versos. sorte de quem a disparou!;))
Esse é um texto sobre conflitos, e sobre um conflito: correntes em direções opostas, fúria e luxúria, a eternidade conjurada em um leito sagrado contrapondo-se (ou justapondo-se) ao fel dos vícios tomado a goles ávidos; culminando no êxtase de três versos "concretistas" cujas palavras repelem-se e se atraem ao sabor da leitura. E no final, uma constatação: apesar das aparentes oposições, os círculos meridianos entrecruzam-se.
ResponderExcluirBem, o sexo é o assunto mais evidente do texto - e, por conseguinte, o tema que provoca no eu-poético tantos conflitos.
Não é, nem de longe, um poema de temática inovadora - nem em relação à própria poeta, que bebe dessa fonte com frequência. Por outro lado, aborda de modo interessante - e é onde o fenômeno poético manifestou-se mais a contento desse reles leitor - a forma, o jogo entre o expresso claramente, o sugerido e o "impresso", a aparência material do texto. Pela experiência com a linguagem, e a busca pela expressão mais completa que o mero dizer, é que são válidas essas experiências.
Em tempo: há tanto mais o que falar nesse mundo que amor e sexo, minha gente...
E "impulso" está escrito "inpulso"
ResponderExcluire o meu?!!!!!!!! sumiu?!!!!!!!
ResponderExcluirah! tá aqui...
ResponderExcluirHum... Não sei bem o que dizer deste poema. Tive dificuldades em digeri-lo, assimilá-lo.
ResponderExcluirBem, o que consegui captar foi um eu-lírico inquieto, questionador, reflexivo...
O poema é recheado de metáforas. O que é bom por permitir múltiplas interpretações. No entanto, também corre-se o risco dessas múltiplas interpretações caírem em nenhuma interpretação, que foi quase como fiquei. Sendo que o que me deu uma luz para melhor enxergar o que havia por trás das letras foi a última parte:
"A única certeza: Todas as linhas de meridianos entrecruzam-se nos pólos."
E eu adorei ela!
Este último trecho traz algo transcendental ao poema, nos remete ao mistério da criação. Somos seres individuais, seguindo em linhas paralelas, mas, mesmo sendo individuais, sempre nos cruzaremos num ponto comum. Somos o individual-coletivo, o múltiplo-singular. Somo seres únicos que fazem parte de um todo único, o Universo (ou algo além dele e que ainda não foi descoberto). Parafrasendo algo que li por aí: "não passamos de poeira cósmica".
Enfim, os conflitos sentimentais exaltados pela individualidade do eu-lírico são transferidos para os conflitos metafísicos de um eu-lírico-universal...
Ou algo assim...
Bom, só reforçando: destaque para o final do poema. As outras partes são um emaranhado de metáforas, no qual me perdi um pouco. Contudo, mesmo um tantinho perdido, as imagens que essas metáforas trazem são maravilhosas. Nisso, então, trago uma última qualidade do poema que gostaria de destacar: a visualidade.
Parabéns, Gi! Belo texto.
Piolhos (levando-se em conta a ortografia anterior ao Acordo, porque ainda não li sobre as mudanças, rs):
"distancia" -> distância
"crescente...Fúria!" -> crescente... Fúria!
"Inpulso" -> Impulso