segunda-feira, 27 de abril de 2009

És amar

Subo degraus aos céus
e a angústia que arrasto
é meu véu.

Viver-te é prazer intenso.
Norteio o vento,
lambuzo açúcar no mar,
pinto o céu de vermelho,
ensino o mundo a amar

Desço escada nua,
Se um dia hei de ser tua...
De meu sangue beberias o vinho,
seria teu mel.

O véu que já não me lembro
acobertaria-nos do vento,
beberíamos o mar.
Meu mel ensinar-te-ia
tão somente
a me amar.

És o nexo que faltava,
a estrutura do par,
a tônica da rima,
o inicio do verso,
contexto...
O ponto
És amar.

5 comentários:

  1. Antes das análises, deixe-me dizer: Uau!
    Este poema, a meu ver, é o top desta sua remessa, Taty. Belo poema.

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  2. muito lindo, este... concordo com o carl: é a cereja do bolo!

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  3. Amar é....um sobe e desce de prazer intenso, sabores extravagantes, cheiros, textura. Amar é...o ponto, Tathy. Deste poema em diante tô vendo que vem uma torrente de amar é...Muito bem, afinal, qual poetisa, poeta não cai nessa? O segredo é encontrar o nexo, a estrutura. é a busca de todos. Vamos lá. ao próximo e ao final veramos onde foi que fomos parar.;)

    *hummm...não sei se é a cereja de bolo. Mais açucar neste mar? Sei não!

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  4. Eu concordo com o Carlos: este é o seu melhor poema desta rodada.

    Esse poema se constrói com imagens bem interessantes, que a mim, remetem à sublimação da união conjugal ou amorosa - subir degraus com um véu (ainda que de angústia) e descer nua, uma hipótese de "ser" do interlocutor - e que se confirma no trecho final.

    Neste poema há uma coisa interessante, que é um a pontinha de tensão sensual/sexual. Não vou aplicar aqui nesta análise meus poucos conhecimentos de psicologia, mas para a minha leitura - e minha análise de discurso... - encontrei vários pontinhos hormonais e feromônicos tentando se libertar neste poema. Isso é ótimo. Meio romântico, mas é bom perceber quando o poeta manifesta-se no poema, consciente e inconscientemente.

    Sobre a forma: talvez não seja o caso de sugerir coisas aqui - para isso há o "mexemexe" na comunidade - mas eu deixaria para explicar, este "És amar" para o último verso. Todo o poema ficaria mais harmônico, e criaria uma outra tensão: mesmo sabendo que é isso que o eu-lírico define, e se envolve intimamente nessa explicação, é importante que o leitor preencha essa lacuna. Por isso, acho repetitivo, pelo menos como um ponto negativo, esses "a amar".

    Em todo caso, este poema é muito bom. Eu já conhecia, e prometi fazer uma análise - que acabou só vindo hoje... eu sou um enrolão... que feio.

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  5. Que maravilha!

    O melhor desta seleção (seguido por "intensa")
    Desde a forma à escolha de palavras - versos em belas rimas e estrofes fortemente coesas!
    A estrofe final então... que maravilha!

    Parabéns Taty - este poema a prova de que a metamorfose está completa!
    Agora só resta seguir - e como eu já te disse tantas vezes, teu caminho é longo e lombada!
    Formiguinha/Fuxikinha vai ao longe!
    Beijus

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