quinta-feira, 9 de abril de 2009

Fênix

Ilustração: Jairo TX


Ontem eu era alguém
E me sabia bem
Ontem eu era eu
Hoje já nem sei

Vaguei pelo dia
Deixando nele rastros de mim
E com a minha caminhada
O dia chegou ao fim

Sofri
A pequena morte do adormecer

Senti
A centelha de vida do amanhecer

Sai
Nua e nova
Dentre os velhos lençóis carmim

Sorri
Lua nova
Limpando os restos hefestos de mim

Sou Recente
Desconhecida
Mal acabo de acontecer

Sol nascente
Desinibida
E um mundo novo a percorrer

Dia inteiro é longa vida
Antes do fogo do anoitecer

Mundo alheio
Recém-nascida
Vivê-lo será um prazer!

15 comentários:

  1. Sobre esta poesia não tem muito o que dizer, é o renascimento do eu-lírico e busca e luta para se reconhecer (vou dizer assim). Com este renascimento traz uma perda de identidade.
    Gostei do ritmo e dos palavras foram bem escolhidas. Só tenho uma correção: falto o acento em "saí".

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  2. Não entendi o Gui... Que erros?
    Ah, e eu esqueci um 'i' - no comentário anterior: nem me ligueI
    Bjs

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  3. nada não, é que eu fiz vários erros no meu comentário. :)

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  4. Sou suspeita para comentar sobre os versos da Ju. (Ela é minha madrinha e um dia li em um livro, no qual não me recordo bem, mas creio que foi em Sem medo de vencer/ser de Roberto Shinyashiki, que não devemos contradizer um mestre). Se for preciso, fugirei um pouco a regra... (ainda bem que nunca precisou).
    Já conhecia a Fênix, e essa não é muito diferente das outras, que são fantásticas.

    Acho bacana seu jogo de palavras... Mas a Fênix em especial, tem uma forma doce de retratar a renovação da nossa esperança, da nossa própria misericórdia. Você está evidente nas entrelinhas, e a maturação que demonstra ter vivido nesse 'momento escrito' transpassa a tela do meu computador...

    “Mundo alheio
    Recém-nascida
    Vivê-lo será um prazer!”

    Isso mesmo; cada dia, um dia novo!
    Continue a viver, assim, nos proporcionando prazer.

    CARPE DIEM.

    Parabéns, Abadinha.

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  5. Ah, parabéns também ao Jairo pelo belo desenho! :)

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  6. Este é o hino dos que trocam o dia pela noite. Não há muito o que comentar - é construído sobre imagens que reforçam o mesmo tema central.

    De todos os poemas, acho este o mais "identificador" entre eu-poético e o eu-social o que conversa comigo no msn até as 3 da manhã.

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  7. Até as 3 da madrugada porque 'alguém' tem que trabalhar no dia seguinte - e não sou eu!
    hehehhe

    Vou lhes confessar que tem ainda o fato de eu realmente sentir cada adormecer como uma pequena morte - e como se, no momento de dormir, cada dia fosse realmente o último.

    Esse poema foi escrito numa madrugada dessas, sem sono e sem amigos de msn!
    beijus

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  8. não há muito o que interpretar, o texto é explícito
    pontos fracos: rimas comuns (amanhecer, acontecer, percorrer, anoitecer etc)
    o melhor verso: Limpando os restos hefestos de mim - original e sonoro

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  9. Hummm, esse é o que menos gostei. Essas rimas comuns das quais Márcia fala poderiam ter tido um tom de pilhéria (ai, ai de onde saiu esta palavra agora?) e aí até dava pé mas vc não me parece ter tido a intenção. Tem um draminha que impede , talvez, o humor mais declarado.
    Ju, você produz muito e bem. Eu sugiro retomar este aqui. Eu sei, sei que vc não curte. Mas, compulsiva, não aguento NÃO dizer .

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  10. A idéia para o poema é boa (e o título muito pertinente). Mas não gostei muito da estruturação, que pareceu destoar em alguns pontos.

    As metáforas são boas e a mensagem também, mas parece não havar unidade na estrutura.

    Talvez valha a pena cadenciar melhor os versos para unificar o poema e equilibrar o ritmo.

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  11. Como virginiana mutável e adepta de caminhos obscuros do coração... Adorei. Esta fênix camaleoa, solitária, perdida, partida...aos poucos junta os pedaços em poesia.

    Linda forma. Sinceramente gosto do estilo da poetisa porque me dá liberdade de ler um pedaço, ler de baixo pra cima ou somente uma frase solta e FAZ SENTIDO.

    É esta sensação de liberdade que simplesmente adoro. Mutável criatura... Lindo e lido em uma noite solitária...

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