há em mim uma bolha resistente aos segredos às dúvidas e ao destino ao sufocante espaço que lhe designei entre as verdades incontestáveis mantém esse corpo vivo cobrem-na a carne e as lembranças cobrem-na por todos os lados amoldou-se de dentro para fora se de vazio ou de incompletude ou de infinito é repleta não sei ignoro seu conteúdo nasceu comigo não aumenta não diminui mas está-se degradando não provoca dor nem prazer nem faz bem ou vicia nem modifica coisa alguma nem tampouco se manifesta incita-me a perscrutar sua superfície que já foi lisa temo que seu desejo seja finalmente romper-se às vezes escapa-me aos poucos cuidados que lhe dedico desliza sem ser notada assume uma nova forma cobre-se de atrevimento veste-se com paixão tira-me o sono e se exibe não raro me desacomoda só assim quando foge quando não em mim nem nela ou em pensamento vejo-a inteira, como de fato é
domingo, 3 de maio de 2009
A bolha
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que bonito, isto, mr.v! interessante... estou lendo assim: os poetrix falam do ser-poeta, que é movido por um desejo vermelho-gente, que usa o corpo pra emitir sussurros, que vêm... da bolha! ah, essa bolha sempre quer estourar... mas não estoura... cresce, muda, toma cores como se de sabão fosse feita... essa bolha, é vc!
ResponderExcluirA bolha eu acompanhei até o verdadeiro chão.
ResponderExcluirVc tem imagens assustadoras. Gosto da intensidade e da forma corajosa com que vc a coloca.
Coisa bacana de ver, Fuerte!
Que tremenda auto-analise faz este eu-lírico, hein?
ResponderExcluir"Há em mim uma bolha"
Condensa tão bem a idéia da busca eterna e infinita pelo autoconhecimento.
Melhor deixar a bolha apenas sê-la, assim, incógnita, fazendo da curiosidade de sabê-la, forte impulso para a própria existência.
Esta idéia me guiou, sustentada por diversos versos como: "ignoro seu conteúdo"
E assim por diante... até que, do meio ao fim do poema, surgem versos, um tanto contraditórios, que muito me instigaram:
"mas está-se degradando"
"nem tampouco se manifesta"
Até que surge "não raro me desacomoda"
E a última estrofe,concordando com aquilo dito anteriormente... o que a bolha guarda?
A bolha traz, em si e por si, questões indissolúveis, inquietantes e por vezes encantadoras - um misto de coisas que ao emergir do âmago do ser podem ser traduzidas como 'inspiração'.
Fiquei inspirada - minha bolha moveu-se!
Abraços
Hum... essa bolha... sei não... De início, achei que fosse algo como uma personalidade de isolamento, que bloqueia o eu-lírico de envolver-se com o mundo. Mas, depois, mais ao fim, parece que a tal bolha está mais para uma "essência"...
ResponderExcluirEnfim, de uma maneira ou de outra, o poema traz boas imagens. É uma construção elaborada, com palavras bem escolhidas e ritmo acertado.
Mais um belo resultado, V.