Que as palavras venham,
Despertem as dobras
Onde algo resta
E se deita sem nome
Nem sentido.
Feito cócegas,
Ericem cores, poros,
Papilas e pelos.
Façam ponto em cada ponto
- seco ou indisposto -
Do poema à espera
De corpo ou esboço
Nesta página, campo
E pouso
De meus silêncios e feras à espreita
* nota este poema está em construção, ainda. Por isso quase pronto.
Fiz uma modificão, apenas, mas pretendo fazer outras. Enquanto é minha vez, posto o que for modificando.
Neste momneto ele está assim
Que as palavras venham,
Despertando as dobras.
Há algo deitado
Resto sem nome
Nem sentido.
E deslizando livres,
Feito cócegas,
Ericem poros, dores
Papilas e pelos.
Façam ponto em cada ponto
- seco ou indisposto -
Do poema à espera
De corpo ou esboço
Nesta página, campo
E pouso transitório
Dos silêncios sob a vigília
De minhas feras à espreita.
quero modificar mais.
vi este poema ontem no seu blog, e ia deixar um coment... não deu tempo, então comento aqui de uma vez só...
ResponderExcluirsempre penso que a poesia tem de trazer um pouco do poeta ao papel (ou à tela...) e ao mundo... é possível escrever um conto sobre algo totalmente alheio a si, mas não é possível fazer isso com poesia... talvez os parnasianos tenham feito um pouco, e não é à toa que são tão chatos com seus vasos simétricos e gregos...
bem, neste texto, vc consegue descrever de um modo muito sutil e criativo, e com uma escolha de belas palavras, esse fazer-poesia que atravessa o poeta pelo corpo... a estrofe final é um primor nesse sentido: a página como campo e pouso das feras e silêncios (pulsões, eu diria) que chegam ao mundo revestidas de palavras...
muito bonito, bea
Muito bom, Bea. A única coisa que me incomodou no poema foi o "feito cócega" que não me pareceu concordar bem com "as palavras".
ResponderExcluirMárcia, obrigada! O poema passa pelo corpo. E vc ao mencionar pulsões fala de algo que por incrível que pareça remete à linguagem : nomear o afeto. Dar nome à coisa que pulsa e não tem nome
ResponderExcluirJosé, entendo o mal estar. Na verdade, numa primeira versão "feito cócegas" era pra ser "aos poucos" , inclusive porque rimava mais com ponto, pouso..etc..porém, resolvi colocar algo muito diverso pra quebrar. .Pra "disconcordar" com tudo. Cócegas incomodam mas produzem movimento, efeito.;)) Gostei da leitura
É um poema muito bom, Bea. Trata a respeito do encanto que a palavra exerce sobre o poeta, e ainda, da pré-existência do poema antes da "vinda" das palavras. Gostei dessa expressão:
ResponderExcluir"Nesta página, campo / E pouso transitório / Dos silêncios sob a vigília / De minhas feras à espreita."
Diz muito o que é o poema, ainda pronto ou em processo: mais do que uma coisa, que contém o "algo incômodo" que leva o poeta a escrevê-lo, depois de escrito será o campo e o pouso de outras angústias, de outras feras - as do leitor, e as do próprio poeta, que também passa a ser leitor.
Este poema afina com o modo e o tema que procuro abordar na minha poesia. Gostei muito desse, Bea.
Pois é, boss mas é exatamente essa parte que tá dando uma discussão.
ResponderExcluirUm amigo implicou com pouso. Se é pouso tá pronto, num tá quase. Aí disse..mas pouso é transitório, pousada etc...
E aí, pensei que, num traço mais fino e mais grave, não sei dizer algo " / Nesta página / pouso transitório dos silêncios / que minhas feras espreitam" (no caso de eximir a relação) ou "Nesta página, campo / e calabouço / dos silêncios vigiados / por minhas feras à espreita".
Sabe, porque eu ainda não sei realmente o que eu quis dizer neste final de estrofe, o que você ainda estou silenciando sob as feras?
E mais uma coisa: se eu em vez de usar poros, dores, papilas e pelos...se eu usasse uma palavra só mais forte, de lascar, uma coisa do corpo físico. um órgão. Sei láq, boss. Vc sabe que eu gsto do mexe-mexe;))
Mexam, mexam..quero paroveitar a semana que tá no finzinho
Bea, não entendi pq tu mudou a primeira estrofe
ResponderExcluir- estava perfeita antes! Perfeita!
Também não gostei da construção atual do final e vou dar uma "sugestãozinha", tá?
"De meus silêncios e feras à espreita."
É isso (eu realmente amei a primeira versão da primeira estrofe - achei arrepiante!)
Beijus