terça-feira, 19 de maio de 2009

Teatro de Máscaras

Dirijo um teatro de máscaras.

Nele, sou o ator principal.

Meu palco é o além-eu.

Minha máscara é o plural imperfeito,

O incerto transmutável.


Se desejo-me poeta, sou tristeza.

Se almejo a tristeza, sou negligência.

Se busco a negligência, sou sorriso.

E se quero só um sorriso, eu gargalho!


Oh, máscara da morte,

Que veste a máscara da vida,

Que veste a máscara do simples,

Que veste a do complexo,


Antes que me deixe nua a face,

Com tuas incógnitas cores,

Permita-me encenar o grande final

Portando a mais bela,

Aquela que é incondicional e plena,

Absoluta e irreversível:

A máscara do amor.

Aliás,

Será uma máscara?

9 comentários:

  1. Olá, Carlos!
    Sou a mais recente integrante deste espaço.
    Ficarei com sua indagação final:
    o amor seria uma máscara?
    ...

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  2. Olá, Renata! Seja bem-vinda.

    Pois digo que as máscaras da vida vivem a me assobrar. Até que ponto sou eu ou máscaras a se exporem ao mundo? E, sendo máscaras, não seriam essas máscaras a própria essência do "eu"? Teríamos, então, vários "eus" que, juntos, formariam o "EU"... Viagens do ser...

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  3. este é o avesso do primeiro: lá, o querer está à flor da pele, exposto, óbvio... aqui, está lá dentro do labirinto das máscaras, postas como camadas sobre... o quê? será o amor esse núcleo último? não sei... dá uma prosa e tanto!

    uma única sugestão de forma: eu tiraria a palavra "aliás"... me parece que quebrou um pouco o clímax... deixaria apenas a pergunta solta, talvez até como uma estrofe final de verso único... mas enfim, isto é só um palpite!

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  4. Ótimo palpite, Márcia. Sabe que eu nunca havia notado essa quebra... Como é um poema antigo, meus olhos meio que calejaram com ele tal como está. Mas, sua sugestão foi muito pertinente. Acatada.
    E obrigado pelo comentário.

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  5. Opa, acho que é minha primeira vez aqui. Ótimo espaço, boa "seleta". Um abraço, e poesia sempre.

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  6. Adorei.
    Que maravilha esse poema!
    Tanto que, desta vez não consigo ter uma estrófe ou verso favorito
    - põe "todo significativo" nisso.

    As idéias em cadeia das estrófes 2 e 3 não poderiam ser melhores, enquanto a inicial apresenta o tema e a final o conclui com a sábia e humana dúvida.
    "Seria o amor uma máscara?"

    Se o for, eu a visto com alegria.
    E feliz marionete seria,
    até o fim dos meus dias.
    (risos)

    Parabéns Carl!

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  7. Brigadjuuuuuu!!

    Pois é... o amor... Eis uma máscara gostosa de se usar.

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  8. Bom, Carl. Cá estou, e cá estou com meu mau humor.

    Eu achei seu poema brilhante, até a última estrofe. Não está de acordo com o que diz a primeira parte do poema, e joga por terra aquilo que o estava constituindo como uma peça interessante: a contradição. Também achei desproposital uma pergunta no final do poema: há outras maneiras de deixar a dúvida no leitor - o que é, aliás, um dos objetivos do poema.

    Um poema indo para o rumo do universal caiu no lugar-comum do amor. Excetuando a última estrofe, está muito bom.

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  9. Maravilha, V. Como sempre, suas observações são bem pertinentes.

    Esse poema é um tanto antigo, e confesso que não o considero 100%.

    Tanto ele como o outro ("Quero") são de uma fase em que eu escrevia, digamos, por escrever... Marcam aquele meu momento, e eu tenho uma postura de não mudar um poema depois de tido-o como acabado, até para que fiquem como registros do meu processo.

    Enfim, quis mostrá-los a vocês para perceber as reações. Mas, não pretendo mudá-los (pelo menos não drasticamente), apesar de concordar totalmente com sua opinião.

    Valeu, camarada!

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