segunda-feira, 11 de maio de 2009

Natureza Morta, Cruel e Tarja Preta

________Natureza Morta __________________________________________

Três laranjas e uma pêra


Verdes no vazio da fruteira,
Prenunciam vida na natureza
Morta sobre a mesa
À espera da alegria
De uma nova feira
__________ _____________________Cruel


Acordei uma aranha, hoje.


Levantei escura e fria
Espirrei veneno
Logo cedo
Na abelha benfazeja
Ela agonizava,

E eu? Bebia
Mel e morte
No primeiro café do dia
___________________

Tarja Preta __________


À margem da tarja,
Age a preta metade
Da tarde forjada
Por nervos frágeis


 



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5 comentários:

  1. são tres poeminhas, mas não são juntos... o primeiro e o último, eu vejo como ilustrações... "natureza morta" bem podia vir do lado de um quadro de giorgio morandi ou similar... "tarja preta" podia ilustrar uma cena de protesto, de luto, ou corintianos tristes com a derrota para o inter... enfim, são poemas-legenda... são bonitos, em termos da boa construção, da boa escolha das palavras, mas ganhariam alma se acoplados a uma imagem... me pergunto se não houve uma imagem no momento de sua concepção...

    o do meio é outra coisa... em comum, só tem o tamnho... mas, apesar de pequeno é um Poema com P maiúsculo, pq entra naquela categoria dos textos conectados com a alma do escritor, reflete-a e, nessa generosidade de exibir ao mundo sua humanidade, toca o leitor e o captura tbm no seu ponto mais humano... aqui, no ponto do mal, que é tão pouco cantado pelos poetas... muito bom este, bea!

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  2. Ei, Márcia

    Eu não me liguei pra mim eram três "quase prontos"

    Esse Cruel achei fraco, precisando de mais tecido assim como os outros dois

    Valeu a leitura sempre atenta, delicada, generosa e crítica da boa

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  3. A mim, parecem as três horas do dia, menos a noite: "Natureza morta" = a madrugada, antes da feira, de manhã cedinho. "Cruel" = a hora de acordar (ou, depois da ida à feira...rsrs), e "Tarja preta", a tarde, ou o fim da tarde que prenuncia a noite.

    Nesse correr de horas, os estados de alma do eu-poético: a constatação do mundo, a constatação de si mesmo - e o aqui-agora de "como será meu dia hoje, já que acordei aranha" e a constatação dos efeitos de seu auto-controle, ou o recurso à ação de uma tarja preta (que será isso?...rsrs) sobre a tarde forjada sobre nervos frágeis.



    __________

    Sobre a série toda: Bea, gostei bastante, ainda que você afirme não estarem prontos. Eu tenho também o hábito de mexer nos que estão escritos, mas não sei bem se tanto quanto você... em geral, deixo que eles se acostumem consigo mesmos, e depois, bem depois, intervenho, e mudo o que achar que é cabível.

    Gostei dos seus assim. Não me culpe por não criticá-la.

    Ou então, se talvez queira, aí vai uma: deixe seus poemas em paz, criatura. E não autorize tanto aos outros que fiquem modificando. Sei que a gente é tentado a isso, mas não acredito que eles - os poemas - gostem tanto disso.

    Crie-os, ou melhor, deixe que nasçam, e esqueça-os. Pelo menos por um tempo.

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  4. Ok, boss. Mas é que sou escorpioa. Minha natureza é assim: vivo em luta comigo, os gatos, filhos e os poemas. Provoco-os o tempo todo. Se eles gostam? Os meus se acostomuram.
    Obrigada pela leitura generosa. Por me ajudar a crescer aqui neste estúdio que já tanto gosto.

    E estou pra lá de feliz porque a Renata - querida e boa poetisa - entrou pro grupo. e graças ao Blavino!!
    Cadê a Ju??? a Tathy??

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  5. A Jú tá aqui, óh!
    Antes tarde do que mais tarde!
    (legal ter a Renata por aqui também - nossa família tá crescendo!)

    Mas vamos aos comentários:

    Eu gostei deles em ordem inversa:
    Primeiro o "Tarja Preta" (deve ser pela afinidade que tenho com o assunto - risos)
    Mas eu o imaginei em outra construção (lá vem mina obsessão por números e formas) - vou mostrar (mas seria centralizado):

    "À margem da tarja age
    a preta metade da tarde
    forjada por nervos frágeis"

    Depois o "Cruel"
    Muito bom, a linguagem simples e figurada, torna a crueldade inocente e até divertida
    Lembra o estilo do meu amado "Manoelito"
    (de Barros - e isso é um tremendo elogio vindo de mim!)

    Já o "Natureza Morta" não me pegou de jeito, sabe?
    Gostei da temática, mas as rimas ficaram meio capengas aos meus ouvidos - ou seriam os meus ouvidos os 'capengos'? Sei não...
    Ah, o título também é muito bom!

    Beijuuuus

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